sexta-feira, 22 de maio de 2009

A sensação de estar fazendo o que realmente gosto, sem pressão, obrigação é indescritível e única.
Ao entrar na sala fui recebida com o um grande e caloroso coro: “Oi Tiaaaaa...”.
De certa forma, já havia esquecido como criança é comunicativa e te situa em qualquer situação. Recordei de mim. Dos tempos de pimpolha. Principalmente quando Rafaela, garotinha linda e esperta mostrou-se com manias semelhantes as que eu tinha na sua idade. O modo como sorria demasiadamente, e ficava beijando e abraçando e fazendo bico, quase o tempo todo quando não é notada. Fez-me identificar com ela.

Entre elas... Letícia, Eulália, Julia, Joana (...) Ficaram o tempo todo próximas a mim, querendo se mostrar.
“Tia eu sei cantar a música da lagarta. É assim...” – e Maria Vitória cantava a músiquinha com uma voz linda, digna das crianças. –
Todos queriam me mostrar alguma coisa ao mesmo tempo.
“Tia, eu tenho uma bebê. Vamos brincar de casinha?” - Rafaela, seguida de Julia e Letícia. -

Já os meninos, uns se aproximaram logo, como às meninas, também queriam me mostrar o que sabiam o que tinham e me chamavam para brincar.
“Tia brinca comigo de carro... toma um, vamos brincar” - Emanuel (e seu cabelo grande, lindo) pedia tão fofusco que mesmo com medo de decepcioná-lo por não conhecer a maneira de se brincar de carro direito (é mesmo com meu sobrinho em casa ele nunca me deu muita chance de brincar assim, o que me apavorou mais ainda, quando tive que mostrar os conhecimentos que não tinha). Mas, para minha surpresa e bem maior das crianças, pareço não ter saído tão mal no papel que me deram. Pensei isso, após Victinho e José se oferecerem para entrar na brincadeira também. Um que dissesse que seu carro era mais potente que o outro. Rs.

Entre eles, Bruno me chamou atenção. Tinha certa dificuldade de comunicação. Não falava, não ria, mal se mexia (este, quando alguém o puxava pela mão é que o fazia). Ficava próximo aos colegas, mas sem manifestar qualquer interesse ou rejeição aos colegas e de como eles brincavam. Inerte. Tentei puxar conversa, brincar, mas nem oi ele falava.
Acabei por me perder com as outras crianças que me puxavam o tempo todo. Mas as expressões de Bruno ou a falta delas ficaram comigo.

Eu ria demais e ficava meio preocupada em não poder dar atenção a todos e que eles achassem que eu tinha alguma preferência.
Notei que os meninos têm mais independência que as meninas, queriam fazer tudo sozinho. Diferente das meninas, que volta e meia me pediam alguma opinião.
Após o banho os meninos recusaram a receber ajuda para trocar as roupas, enquanto as meninas faziam fila.

Depois de prontos os meninos chegavam, tipo: “Tia, to bonito? Olha minha sandália do homem-aranha. Me arrumei sozinho”
As meninas se punham a mostrar os vestido, os penteados e perguntar se estavam cheirosas.

Na hora da refeição pouquíssimas crianças comeram. Três ou quatro rasparam o prato duas pediram repeteco e os demais encostaram a comida na boca e não quiseram mais. As supervisoras pareciam não se preocupar com a falta de apetite das crianças.
Tentei inutilmente inventar uma desculpa para que elas comecem do tipo: “Come bebê, pra ficar forte, se a gente imagina que a comida tem outro sabor, como uma torta de morango, com muita vontade o gosto muda”.

Que mania feia que a gente tem de achar que por idade, tamanho e ingenuidade as crianças não conseguem diferir as coisas. (às vezes queria voltar ao meu tempo de criança pra recordar como me sentia).

No entanto, foi muito, muito prazeroso ter essa experiência... Que daqui por diante procurarei manter.

Sempre acreditei que se pode aprender muito mais com as crianças do que com os homens que nos cercam. Como podemos proporcionar um mundo mais justo e seguro para elas, as crianças nos dão muito mais, carinho, amor, pureza e suas doces companhias, alegrando e dando sentido maior a vida.




terça-feira, 19 de maio de 2009

Tudo que é sólido pode derreter

Quem disse que 2 + 2 é = 4? Pra mim pode ser 5 ou até 58.328.....tararará.
Cansada dessas regras que me oprimem os sentidos e fazem com que minha liberdade seja limitada. Maior parte do tempo acredito que as coisas não sejam bem como me dizem, como insistem que eu acredite. Essa realidade ultrapassada que querem que eu absorva e passe adiante.
NÂO! Eu quero é o diferente, o diferenciado, o hiperativo alarmado.
Deus pode ser o contrario e o contrario ser Deus,por quê não?
Me deixa viver com essa livre sensação de poder mudar, fantasiar.
Sem modinhas e sem alienação. Deixa o pensamento único, novo, como surgiu... ser feito,refeito,sem pressão.
Quem foi que ditou a regra? Nem me perguntaram se eu queria! Já nasci sem escolhas... Descobri que posso revolucionar, transformar, musicalizar.
Ficava inquieta, ansiosa, em um grito-silencioso que dizia: “QUERO ASSIM É ASSIM QUE VAI SER”. Quando mamãe dizia que não podia subir em árvores, nem sair com estilingue pra caçar lagartixas com os primos... ”Menina, pare com isso! É coisa de garoto”. Que saco, - eu pensava-, as coisas mais divertidas ficavam para eles.
Não que eu não gostasse de brincar com minhas bonecas e fantasiar que um príncipe lindo vinha me levar com ele. Mas convenhamos, essas historias sempre foram abrobrinhas pra quando a gente crescer descobrir que sapo não vira príncipe. Se frustrar, se frustrar.
Fica acreditando que lugar de mulher é na cozinha... Quando insistiam em dar-me de presente, panelinhas rosas, casinhas,fogãozinhos...jamais, raios que os partam! Eu sorria cordialmente e com os brinquedos, bem, os brinquedos ficavam esquecidos por um canto qualquer da casa. Certa vez que me dispus a tentar essas brincadeiras, igual a menina boba,levei tão a sério que pus fogo na casa. Era balde d’água pra lá, era tanta coisas que nem chego a lembrar.
Bom mesmo era correr pela rua, sem lenço, sem documento, era falar com todo mundo sem conhecer e descobrir o que cada um sabia, ou que não sabia nada. Pra mim não tem isso de homem poder e mulher não. Sempre admirei as mulheres de fibra, que lutavam, que revolucionavam... que mostravam o diferente. Destacavam-se com bravura e sem perder a suavidade.
Eu gosto é do antagônico... Esse sim me deixa viva e acelera as vibrações pulsantes do músculo involuntário que denominaram coração. Por mim ele se chamaria ‘lufa ou bolinha conspirante ’. Qualquer coisa menos coração. Tudo teria nome... Só que nomes diferentes dos nomes. Uma nova linguagem, palavra. A mente é cúmplice do meu corpo e esses se saem melhor comigo do que ‘minha bolinha conspirante’. Ela já ta cansada, não bate tão forte como as demais que vejo por ai. Ela insisti dizer que tudo que é sólido pode derreter. Talvez seja culpa dela, nenhum relacionamento instável –se é que relacionamentos instáveis podem ser chamados de relacionamentos- eu denominaria como envolvimento de interesses iniciais. Não o sei bem... Tem muita coisa que me faz duvidar e duvidar e duvidar... daqueles romances ,tipo : felizes para sempre.
No entanto pra mim tudo tem o nome errado, a definição errada... Só se torna certo quando transformamos pro mundo particular, para o que nos revela, pra nossas verdades individuais. Ai sim elas podem fazer todo sentido denominadas de outro modo.
Ah! , minha bolinha conspirante não quer me deixar finalizar sem dizer que uma vez ela pulsou forte, muito forte... Foi em uma noite estrelada, tinha cheiro de passas carameladas, tinha príncipe, mar e fogos de artifício... só naquela noite.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Em momentos dançantes



Quando os problemas começaram já não estava mais paciente pra esperar soluções. Resolvi então jogar tudo para o alto e correr o risco. Verdade que foram três, ou teriam sido quatro turbulências em menos de três meses e que se estenderam até o fim de ano?
O que sei com certeza é que não quero transpor aqui quais foram.
Mas dizer que foi ruim toda experiência obtida e no finalzinho houve um gostinho de vitória e nem tão prazerosa assim é indispensável para que eu veja o quão duro foi tudo aquilo.
Não me deixei abalar mesmo assim e recomecei. Recomeço este que até agora tem feito com que tudo tenha uma forçar que antes não havia.
Um impulso desenfreado de abraçar o mundo sempre, pra tentar amenizar minhas próprias dores me faz ser egoísta. Essa confiança árdua em tudo me faz ser ingênua.
Depois desses dois dias que se passaram, dando de cara com o que temia... Percebi que nem era tanta coisa, assim, como fantasiava. Que era tão fraco que não valia tanto me julgar, porque o problema não estava em mim, pude ver isso e quando vi minha alma se elevou, não nego que ri um pouco de mim mesma e da situação. Chamei a mim mesma de boba e completei: “veja, nem valeria tanto assim, todo aquele tempo foi perdido e agora você vê que não era você, é tempo de viver de deixar isso passar se libertar”. Uma sensação pulsante tomou conta de mim, quando vi que é possível mudar velhos abtos ,se livrar de sentimentos impotentes.
Os momentos são cíclicos, passamos por determinadas situações milhares de vezes sem nos dar conta até absorvermos a mensagem que temos que levar pro resto da vida, talvez eu venha a passar por eles novamente caso os esqueça e relembrar a mensagem que eles me deixaram, mas sei que nunca será igual, sei que irei aprender muito mais coisas.
E dessa ultima aprendi que não adianta se culpar, perder noites em claro tentando achar uma solução, pensando se a culpa foi sua ou não o jeito é caminhar e deixar que as respostas venham por si... Ai sim, vai fazer todo sentido.