sábado, 6 de junho de 2009

FACES DO MEU SILÊNCIO

O meu silêncio não lhe diz nada porque ele fala para mim. Ele me diz coisas que preferia não escutar, ou mesmo que não existissem. Ele expressa dúvidas, insatisfações, medos e tormentos comuns a quem vive processos contraditórios, marcados por inflexões e descontinuidades. É típico da espécie humana, principalmente, a feminina.O meu silêncio é repressor, enganoso e instigante, mas quando não estou pronta para falar e ouvir é o único recurso do qual disponho.As vezes me incomoda, pois remonta a construções que prefiro negar, mas que são constantemente afirmadas pelos meus calados questionamentos.Permeado por conflitos, dúvidas e perguntas insistentes, ele fala de mim, porém você não compreende. Ele coloca em xeque as certezas que penso ter e por vezes responde perguntas que geralmente temo indagar.O meu silêncio é como eu, nega e afirma simultaneamente. É forte, frágil, doce, amargo, sutil, e impetuoso. Não existe para ser por inteiro decodificado, mas somente expressa o sincrético e tortuoso mundo dos que, como eu, encontram-se apaixonados.

Por: Patrícia Gonçalves

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